Olá pessoas!
Depois de um pequeno intervalo estou de volta, para mexer um pouquinho mais na história de Lucas e ela.
Para esclarecer (alguns já sabem), ela não tem um nome, porque a personagem é uma coleção de histórias reais de mulheres que conheci como amigas e até profissionalmente.
A história em si é verdadeira, e como pude constatar pelos comentários que recebi, retrata histórias de muitos homens e mulheres.
Como vocês se lembram, durante todo o período em que conviveu com Lucas,ela, ao contrário dele, nunca deixou de estudar,de aprender, de buscar conhecimento especialmente sobre si mesma. E nesta busca, muitas descobertas foram feitas sobre a relação dos dois e sobre a participação de muitos outros personagens.
Entre todos os caminhos que ela percorreu, decidi contar um dos mais interessantes (ao menos ao meu ver), as informações que recebeu sobre vidas passadas.
Relutei em falar no assunto, por conta da novela das 6 que terminou neste final de semana, pois muitos pensariam que eu estaria copiando o tema.
Mas depois, decidi não me importar com as opiniões negativas e falar sobre este tema que para mim, Patrícia é muito intrigante.
Para isso, vou me valer da continuação, digamos, paralela da história de nosso casal Lucas e ela.
Vamos lá:
Já havia algum tempo que ela lera sobre Regressão à Vidas Passadas.
O tema parecia muito interessante, mas estranhava que a maioria dos relatos contava estónias de reis, rainhas, figuras importantes em geral. Tá certo que há poucos anos, muitos tinham títulos nobres, mas achava que era gente nobre demais.
Ela também questionava se o processo não poderia ser fruto de hipnose ou de histerias, neuroses... ou até mesmo um imenso desejo da pessoa submetida à técnica de criar uma história interessante para si.
Sabia que não era uma pessoa "hipnotizável", pois durante um curso que fizera há algum tempo isto ficou comprovado. Sua curiosidade e senso crítico impediam.
Gostaria muito de encontrar um meio de entender e até passar pelo processo regressivo de uma forma que lhe parecesse mais confiável, pois tinha "visões" de memórias antigas que não compreendia e mas que lhe pareciam ter algum significado.
Por exemplo sua paixão desmedida pela Escócia e pelo Reino Unido em geral. Seria apenas admiração? Curiosidade? Não. O que sentia era saudade. Mas como alguém podia sentir saudade de um lugar que não conhecia???? Estaria enlouquecendo?
E foi neste contexto angustiante, que certo dia recebeu um telefonema de uma amiga a quem não via há muito tempo.
Lélia era uma daquelas amigas antigas dos tempos de ginásio, mas hoje morava em um bairro distante e a correria do dia a dia as afastou.Falavam-se de vez em quando por telefone.
- Alô, ela atendeu.
- Olá querida, sou eu!
- Lélia! que milagre é este? Que saudade! Pensei em você ontem!
- E você ainda não se acostumou com nossa sintonia? sorriu.
Era verdade. Entre as duas havia uma espécie de comunicação telepática. Se uma pensava na outra, bastava aguardar o telefone tocar. Se uma fazia um bolo que sabia que a outra gostava, lá vinha um telefonema perguntando: adivinha o que fiz hoje? Seu bolo favorito! Era incrível.
Lélia era pedagoga, bem sucedida, crente na ciência e sua objetividade. Mas estava preocupada e assustada, além de brava,com uma experiência da irmã, 3 anos mais nova que havia se submetido a uma regressão. Procurava por ela agora, pois sabia de seu interesse pelo assunto e queria sua opinião.
- Não vou me acostumar nunca! E aí? Como vai?
- Olha amiga, muito preocupada viu?
- Porque? O que houve?
- A Lívia! Essa minha irmã viu? Só me dá dor de cabeça. Fez uma tal de regressão às vidas passadas e está numa depressão desde então que está me deixando muito preocupada! Por isso te liguei. O que você acha disso? Que que eu posso fazer?
- Tá, mas o que a deixou assim? Ela contou?
- Então, ela não fala direito, mas disse que a tal mulher que fez a regressão, disse que ela matou meu pai na outra vida! E que ele morreu pensando que nunca mais gostaria de ter contato com ela! Aí já viu né? Ela acha que ele não ficou conosco por causa disso! Pode? Ai que raiva!
(O pai de Lélia e Lívia havia abandonado a família logo após o nascimento da caçula. )
- Nossa,deve ser terrível pensar assim! Mas não estou entendendo uma coisa: você disse que a mulher foi quem disse isso à ela? Como assim? Que eu saiba, quem fala as coisas é quem regride, não o terapeuta!
- Ah! é que disse que essa mulher faz um trabalho diferente. Ela regride no lugar da pessoa e vai contando a tal história passada. E minha irmã que foi em busca de alívio, tá lá, parecendo um bebê chorão! Que que eu faço?
Na cabeça de ela uma luz se acendeu!
Um trabalho diferente do que conhecia!
Quem sabe não era o caminho?
Mas antes, precisava tentar ajudar as amigas.
-Lélia, acho que você tem que ficar de olho nela. Se esta depressão não passar ou parecer piorar,acho que é o caso de buscar ajuda de um psicólogo, um psiquiatra, sei lá! Pode até ser perigoso. Na sua escola não tem psicólogo?
- É mesmo,tem sim.Só não sei se quero misturar as coisas.
- Tá mas ao menos você pode pedir a ele que indique um colega.
- É,vou fazer isso mesmo. Amanhã vou procurá-la e pedir uma indicação. Acredita que a Livia nem foi trabalhar hoje? Arrumou uma desculpa pro chefe e ficou o dia todo igual um zumbi, chorando no quarto!
- Então procure ajuda mesmo. Mas, vem cá! Você tem algum prospecto dessa mulher, sabe o endereço?
-Porque?
-Fiquei interessada sobre o tipo de trabalho dela, gostaria de saber mais. Se tiver, não quer me mandar?
- Tá, tem um panfleto aqui que eu vi, com nome e endereço e umas explicações. Posso por no correio amanhã.
-Jura? Que legal! Manda sim! Tô curiosa.
- Querida, te agradeço muito pela luz! Vou ter que desligar porque ainda trabalho hoje e quero ver se troco umas palavrinhas com a chorona antes de ir, tá? Vê se não some! Me liga! Beijos!
- Qualquer hora dessas ligo sim. Dá um beijo na Lívia por mim. Tchau!
Não se falaram mais por 3 longos anos!
Ela desligou já ansiosíssima para receber a correspondência,que chegaria 3 dias depois.
O envelope foi aberto com uma rapidez enlouquecida, mas o conteúdo dizia pouco.Apenas o nome do espaço : "Ânfora", o nome da terapeuta :Sandra Vilela, o endereço em um bairro chique e bastante distante e os dizeres: Conheça suas vidas passadas através da terapia transpessoal. Regressão por captação.
Ela ficou muito curiosa. O que viria a ser aquilo?
No dia seguinte, arrumou um tempo e correu para uma biblioteca de uma grande universidade.
Procurou nos catálogos de assunto, mas achou muito pouca coisa.
Entre os livros havia um de um cardiologista que explicava o que vinha a ser a tal captação.
E ela descobriu que neste método, o paciente apenas procura ficar num estado de relaxamento total, enquanto o terapeuta, que é também um "sensitivo", capta sua energia e com isso começa a descrever cenas e lugares da vida passada do cliente.
Ao término da sessão, ambos sentam-se e conversam a respeito das descobertas feitas.
O livro também falava da indicação da captação e da regressão para a solução de problemas atuais como fobias, neuroses e até problemas físicos como dores inexplicáveis por exemplo. Mas, o interesse de ela era sobre sua história anterior e não a cura de doenças, que preferia deixar por conta da medicina.
O coração dela batia como um tambor! Fez o caminho para casa automaticamente, pensava mil coisas ao mesmo tempo.
Era um achado!
Uma das preocupações dela em fazer uma regressão,é que deixasse suas fantasias fluírem e descrevesse justamente aquelas situações e lugares dos quais tinha a ta l"saudade" inexplicável, o que a faria desacreditar totalmente do processo.
Mas agora,a possibilidade de que alguém que não a conhecia falasse de seu passado, tornava tudo diferente e surpreendente, mesmo porque, jamais havia falado dessas "lembranças" com absolutamente ninguém,com medo de ser considerada louca..
Será que a terapeuta falaria dessas mesmas coisas? Só pagando prá ver!
Ligou imediatamente pro tal lugar e foi atendida pela secretária.
O primeiro horário disponível era para dali há 3 meses!
Ela pediu, implorou, disse que era um caso urgentíssimo e que não poderia esperar tanto tempo (ela teria um ataque de nervos!).
A secretária disse que não podia fazer nada de imediato,mas que conversaria com a chefe e ligaria de volta, mas adiantou que não era hábito, arrumar horários extra.
Ela informou-se sobre o preço e tentou agir com naturalidade e sem discutir, mas era um valor muito alto para seus padrões. Mas teria que dar um jeito! Afinal,era a realização de um desejo incômodo e antigo.
Dois dias depois, ela recebeu o telefonema tão esperado.
A secretária arrumara um horário para o dia seguinte à 8 da manhã.
Ela não discutiu e aceitou a proposta embora,pela distância, sabia que seria complicado chegar lá no horário.
Mas, antes das oito, estava diante do sobrado branco,com uma discreta placa na frente: "Espaço Ânfora".
Tocou a campainha e entrou.
A secretária pediu que aguardasse na recepção enquanto avisava a terapeuta de sua chegada, explicando que o horário normal de funcionamento era a partir das nove,e que tivera sorte de se tornar uma exceção.
Ela sorriu, agradeceu e aguardou com a respiração suspensa.
Em minutos, a moça voltou e pediu que entrasse.
Sonia,a terapeuta,era uma mulher de seus 40 e poucos anos,cabelos negros nos ombros, sem maquiagem ou enfeites e com um sorriso suave e simpático. Estendeu-lhe as mãos, apresentou-se e apontou a cadeira convidando-a a sentar-se.
O lugar era simples. Duas poltronas iguais, uma espécie de cama ou maca grande e de aparência confortável.
Quase tudo era branco ou muito claro. As cores vinham de vários painéis de lâmpadas coloridas direcionadas para a cama e que ela sabia, tratarem-se de instrumentos de cromoterapia.
Sonia começou dizendo:
-Fale-me um pouco sobre você. Como nos conheceu, o que espera de meu trabalho?
- Olha Sonia, sei que vai te parecer estranho. Quero te agradecer muito pelo horário. Mas tenho uma condição para que façamos esta regressão. Eu vou te pagar independente do resultado, mas não pretendo dar nenhuma informação ao meu respeito além do meu nome. Será a única forma de eu acreditar no que você me disser.
- Interessante... não costumo trabalhar desta forma. Em geral, nesta primeira visita as pessoas tem muitas coisas a dizer e muitas perguntas também.
- Não tenho perguntas porque pesquisei antes sobre o tipo de trabalho que você faz.
- Mas não gostaria ao menos de dizer os motivos que a trazem aqui? Ao menos sobre os motivos de tanta urgência.
- Não Sonia, lamento, mas preciso que você aceite minhas condições.
- É que se você me falasse dos motivos, poderíamos direcionar sua regressão à vida ou vidas que pudessem te ajudar, afinal, vivemos milhares de vezes!
- É justamente o que não quero, um direcionamento.
..
- Está certo, aceito suas condições. Vamos começar?
- Vamos lá!
E Sonia explicou à ela, que ficaria deitada na cama, que procurasse respirar suavemente e que enquanto durasse a sessão, receberia as energias calmantes das luzes da cromoterapia. Que se quisesse fechar os olhos, seria melhor, para que não se distraísse da própria respiração e das palavras que Sonia diria ao descrever a vida que captasse. Disse ainda que poderia pedir que interrompesse a sessão a qualquer momento se achasse necessário, ou então que a deixasse fluir até que ela, Sonia determinasse o momento de parar. Disse que o tempo estimado era de uma hora e que depois conversariam a respeito e sanariam dúvidas.
E ela deitou-se na maca e seguindo as instruções de Sonia, respirou primeiro profundamente algumas vezes e depois com tranquilidade.
Sonia acionou as lâmpadas e voltou para sua cadeira onde ficou em silêncio por alguns segundos até começar a narrar a história passada dela.
Por hoje é isso pessoas. Os próximos posts descreverão o conteúdo das sessões de regressão de nossa querida ela.
Aguardem.