sino

sábado, 31 de julho de 2010

Capítulo 5 - Vivendo

Ela praticamente voou para a casa dele! (ficava há menos de 2 km), no trajeto repassava o discurso que faria, tomaria satisfações e diria tudo o que tinha vontade. Poria fim a esta situação absurda e sem futuro. Se fosse preciso e tivesse vontade iria agredi-lo fisicamente! Estacionou ruidosamente em sua porta e foi entrando veloz, furiosa.
Lucas já abrira a porta e ela entrou já aos gritos:
- Pode começar a falar! Que palhaçada foi essa?
Ele se aproximou dela inclinando-se para beijar seu gosto, dizendo um oi sem graça.
Ela apressou-se em jogar seu corpo tenso no sofá enquanto dizia:
- Que oi? Do que você tá falando? Como pode fazer isso?
- Anjo, calma, prá que ficar assim? Desse jeito você nem vai me ouvir!
- Ouvir o que? Que você é um cafajeste em quem eu achava que podia confiar?
-E você pode!
- A posso? Então porque você não me falou nada?
- Mas eu falei hoje no telefone!
- Tenha dó! Você sabe do que eu estou falando! Você tinha que ter me contado! Ou vai dizer que resolveram se casar na véspera?
- Entendi, você tá querendo dizer que eu deveria ter convidado você prá madrinha, ou chamado para a cerimônia, essas coisas?
- Não seu retardado! Mas acho que tinha o direito de ter sido avisada de que o amor da minha vida estava prestes a me deixar (já chorando muito), que tinha feito uma escolha....
- Não é nada disso! Se eu dissesse antes, você teria sofrido mais, por mais tempo, e prá que?
Ele se aproximou e a puxou para si, abraçando-a. Ela foi tomada por soluços que sacudiam todo seu corpo e atirou-se ao seu pescoço, abraçando-o enquanto ele dizia:
- Nada vai mudar... por isso não achei correto antecipar suas preocupações...
Ela só chorava, mas foi se acalmando com seus carinhos. Em poucos minutos estavam aos beijos, abraços e fazendo amor com intensidade como sempre.
Na verdade ela nem se lembra direito de suas explicações, só sabe que suas palavras eram perfeitas, faziam muito sentido como sempre...
Adormeceram e horas depois acordaram, ele preocupado com o horário. Tinha que ir. E ela querendo trancá-lo em algum lugar, impedi-lo de se afastar, mas ele começou a encerrar a conversa e diminuir suas angústias dizendo:
- Nada vai mudar. Não se preocupe. Só cedi às cobranças da minha família e à dela. Afinal, você diz que não pode se casar, que prefere deixar as coisas como estão. Mas não é assim que as pessoas que namoram por 7 anos pensam! Eles estavam me alugando!
- Tá, acho que vou me acostumar. Mas como a gente fica?
- Como sempre! Você cuidando de sua família, eu lá, e nós juntos,assim....(abraçando-a).
- Mas como vou te achar? Ou vou poder ligar prá casa de vocês.
Ele riu e disse: - Claro que não, eu te acho, pode deixar.
- Lu, me conta ao menos onde foi o casamento, a festa...
- (sorrindo). Bobinha... foi apenas no cartório, burocracia pura e simples. Eu jamais faria toda aquela encenação de igreja, terno, festa... A festa foi um bolo com champangne na casa deles mesmo. Coisa de gente pobre e sem nenhuma noção de nada! Esta vai ser a parte mais difícil prá mim, conviver com aquela gente de periferia, sem classe nenhuma, sem berço... E claro, a saudade de estar com você mais tempo e na hora que eu quiser.
Ela o abraçou e beijou dizendo: - Tá certo amor, como era mesmo aquela nossa explicação pro nosso caso?
E ele respondeu: Eles são os invasores, não nós dois!
Despediram-se como se tudo estivesse na mesma de 3 dias atrás.
Ela voltou prá casa, agora suspirando e sentindo-se estranhamente calma, tranquila. Era isso, ele era uma droga, um vício que quando usado desaparecia com todos os problemas, tornava a vida cor de rosa, imensa e feliz.
Os anos se passaram. Ela continuava cuidando dos pais e da tia cada vez mais dependentes, estudando muito e trabalhando. Ele, manteve o que dissera, continuaram a se ver com frequência. E isso foi constantes por muitos tempo. Só se afastaram por cerca de um ano após o nascimento do segundo filho dele (6 anos depois do primeiro)., ele dizia que a família o estava exigindo demais e como ela também tinha muitas preocupações, nem teve tempo de estranhar. O simples fato de ele existir já era suficiente.
Ela estranhava o fato de Lucas e Sonia nunca terem ido morar em uma casa deles. Moravam com a mãe dela ( o pai falecera pouco depois do casamento), mas, não interferia na vida dos dois. Ao contrário, chegava a ralhar com Lucas quando ele falava mal da esposa ou da família dela.
De qualquer forma, aos 34 anos, ela já considerava-se uma pessoa madura e esperta. Nesta época já tinha há tempos o apoio dos amigos Ling e Miguel, verdadeiros guias para a serenidade, que na verdade só ficava com ela por breves períodos, continuava ansiosa e com pressa eterna, sem entender o porque, afinal, tinha a vida que escolhera.
Foram muitos encontros, risos, admiração pela "sabedoria" das palavras perfeitas dele. Muito amor que ela acreditava correspondido.
Até um dia em que ela pensou estar revendo um filme antigo. Depois de muitas tentativas (e agora havia o recurso do celular), ela não conseguiu localizar Lucas em nenhum lugar e nem seus pais. E foi uma espera angustiante de 4 dias, até que finalmente ele atendeu sua ligação com uma voz estranhamente desanimada.
- Alô...
- Lucas! Onde você está?...
Mal sabia ela o que a esperava....

5 comentários:

  1. Mais um capitulo sensacional dessa história emocionante que está me deixando curiosíssimo para saber o que vai acontecer com a protagonista. Parabéns mais uma vez pelo estilo de escrever. Já estou no aguardo do próximo...

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  2. A história parece estar só começando agora... que tal o proximo capitulo ser as várias possibilidades que vc imagine que seus leitores estarão pensando deste mistério? Seria bem curioso :)Beijos

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  3. Fico pensando se aceitaria viver um amor assim.
    Difícil, não?
    Tb estou na expectativa p/próximos capítulos.

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  4. Parabéns querida escritora.

    Li todos os capitulos de uma só vez e já estou ansioso pelo próximo capitulo. Belo texto, boa narrativa.

    Paulo

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