sino

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Jamais serei perfeita

Jamais serei perfeita.



Não, eu nunca pensei em ser perfeita e nem acredito que haja alguém que seja ou tenha sido algum dia.

Porém, e embora tenha que ouvir muitas críticas, sempre procurei me transformar em alguém que cultive a paz, os bons relacionamentos e que preze sempre pela liberdade individual.

Minha educação familiar e escolar ajudou nesse processo, eram essas as suas bases. E sei lá porque, sempre fui influenciada pela ideia de que as religiões poderiam colaborar também. Quer dizer, sei o porquê
.
 Ouvimos desde muito cedo que as religiões são importantes, são caminhos para Deus. E para a grande maioria, Deus é paz e amor.

Quem me acompanha há mais tempo conhece minha "trajetória "pela fé.

Fé é um troço com o qual nunca me acertei, sou mais pelas certezas palpáveis ou perceptíveis no desenrolar da vida.

As filosofias orientais sempre foram minhas favoritas. Entre elas sempre tive um grande interesse no Budismo Tibetano, mas só recentemente achei material que eu considero suficiente para me embrenhar pelas ideias desse "ramo" do Budismo.



Vai haver quem diga que existe muita coisa do Dalai Lama publicado. É, existe. Mas tudo que li me pareceu "contaminado" pelos tradutores, pelos entrevistadores ou sei lá como chamar os que escrevem em parceria com ele. 

Nada mais distante do pensamento oriental do que o Ocidente. E no Ocidente, os norte americanos...

Também não vejo perfeição no Oriente. E isso, vive me incomodando na tal busca da perfeição (por favor, entendam que isso é quase uma alegoria!).As atrocidades da China, o número de suicídios no Japão, o absurdo sistema de  castas Indiano e a situação sempre grave no Tibete incomodam . O Oriente Médio então, sem comentários. Sempre fica a pergunta: povos detentores de tanta sabedoria, tanto tempo de história não deveriam viver em paz?

Mas a culpa não é das religiões e das filosofias, é das pessoas, sempre.  

Sua Santidade o Dalai Lama diz que todas as pessoas buscam a felicidade e querem fugir do sofrimento. 



Não vejo declaração ou descrição melhor do ser humano do que esta.

O problema fica por conta do que cada um chama de felicidade e quais meios utilizam para fugir do sofrimento...

O Budismo Tibetano para aqueles que nunca tiveram contato com a cultura oriental é quase uma incógnita. 

É profundo demais e ao mesmo tempo simples demais para nossas cabeças tão afeitas a discursos pedantes e voluntariamente complexos. 

É muito difícil para a maioria guiar-se por uma filosofia que não reconhece um Deus (mas que também não despreza aqueles "nomeados" pelos de outras linhas de pensamento).

Não é tão simples compreender que Buda não é uma pessoa, mas um estado de ser...

Depois de muitas leituras, palestras e conversas , tenho muita vontade de escrever a respeito, de discutir o assunto com gente de outras ideologias, mas não me sinto preparada, talvez nunca o esteja.

                       









Sou tão resistente, que só me senti à vontade para falar um pouco sobre o assunto depois de ter o privilegio imenso de conhecer o Lama Padma Samten, criador do CEBB - Centro de Estudos Budistas Bodisatva que mantem sedes em várias cidades do Brasil. Antes de se tornar um Lama, o mestre´foi mestre em Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Conhecer alguém de uma área (a física) da qual sempre fugi  pelas minhas dificuldades em lidar com cálculos e coisa e tal, mergulhado até o cérebro em uma vida dedicada a algo tão etéreo quanto uma filosofia religiosa me fez dar crédito às palavras dele.

Em um dos seus textos ele diz mais ou menos o seguinte: "A visão da paz na roda da vida é: "se todos fizerem o que eu quero então teremos paz". O conflito é inevitável já que somos diferentes (...)"

E não é exatamente isso?

Quem de nós abre mão de suas convicções? Ou ao menos convive e da espaço às ideias alheias sem colocar nisso uma alta dose de ódio, de tentativas de derrubar o outro pelo simples fato de querer sobressair-se?

Eu até diria que conheço algumas pessoas a quem eu chamaria de perfeitas.

Porém, elas são perfeitas em alguns aspectos da vida. Muitas vezes são verdadeiros monstrinhos em outras...

Eu vou continuar buscando meios de aprimorar minha capacidade de relacionamentos pacíficos e sempre que possível construtivos.

Mas,

Jamais serei perfeita...        

Um comentário:

  1. Cara amiga Patricia...
    Confesso que tambem tenho meus dilemas internos com as religioes. Penso que religião precisa recuperar seu sentido mais literario da palavra, nos re_ligar.
    Ela, cumprindo seu papel de re_ligar, nos levara não para templos, mas asnte disso, nos levara para nós, para nossa essencia.
    Creio que Deus seja algo muito grande para caber em apenas uma denominação religiosa. Acredito que a verdade suprema é bem maior que as mentiras que aceitamos....
    Mas acima de tudo, creio na evolução. Creio em um Deus com traços humanos, que tem lagrimas nos olhos e por isso conhece minha dor....
    Creio em um Deus que tem pés descalços e por isso respeita meu caminhar, mesmo que perdido...
    Creio em um Deus, que é apaixonado pelo humano...
    Creio em um divino que adora brincar de profano, e assim sendo, se faz humano....

    Onde encontrar esse Deus? Essa religiao? Nao sei....
    O que sei é que os passos do bem e da verdade sempre me deixam proximos desse tal Deus

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