sino

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Bolsas e Afins


Não há período da vida onde mais ouvimos falar em bolsas (escola, família, etc) e afins do que o eleitoral.


Candidatos de todos os lugares e de todos os cargos aparecem nas nossas telinhas falando desses "benefícios" como os salvadores da pátria e a garantia ou pior, o indicador de que são muito bem intencionados, de que pensam na população.

Tenho uma pessoa amiga que recebe a tal da cesta básica. Da empresa onde trabalha, ou seja, é o empregador colaborando na aquisição mínima de alimentos de seu funcionário.



De tanto ver o conteúdo ridículo da tal cesta, que não é das piores, é intermediária, fui procurar os valores oficiais e as descrições possíveis na net. Só por curiosidade, já que saber que todo o discurso e mesmo a distribuição de bolsas e afins, é muito pouco mais do que única e exclusivamente resultado de  hipocrisia.

Aí me pergunto como é que as pessoas acreditam que a distribuição de cestas básicas pelo empregador ou os cálculos oficiais feitos para determinar o que é o consumo básico minimamente ideal de uma família, é um indicador de benevolência ou pior ainda eficiência e justiça de um governante.

Não vou discutir aqui as bolsas que existem por aí, vou pensar só na cesta básica.

Tá, se você está morando na rua, desempregado, ou mesmo morando lá num teto qualquer mas sem renda, uma cesta básica recebida é um alívio. Ao menos assim, uma parte da sua família ou talvez toda ela não va morrer de fome. Talvez até você sobreviva.

Mas é só isso. 

Já trabalhei em serviço social público, portanto sei do que estou falando.

Se você tá numa situação melhorzinha, tipo um ou dois salários mínimos mensais de renda familiar, que é o que tem uma boa parte da população, ou se está melhor que isso, algo em torno de cinco salários, então você já tem alguma condição de pensar em algo que não seja morrer de fome. 

Sugiro que nesses casos, você pense no que está fazendo para ter alguma chance de sair do buraco...

Sugiro que você pense se tem que abaixar a cabeça ou endeusar esse povo que fica por aí prometendo "aumento do salário mínimo " que em geral fica em índices que não dizem absolutamente nada a respeito da melhoria da sua vida.

Sugiro que compare quanto você ganha, quanto você gasta e quanto ELES ganham e gastam, afinal é você que banca a vidinha boa de todos eles....

Aí fui ver valores disponíveis na rede.

Foi uma pesquisa tipica do brasileiro-pobre-sem muita instrução. Aquela rapidinha, de alguns minutos, mas oficiais. A do conteúdo da cesta básica distribuídas pelas empresas, fiz num site de uma fornecedora famosa.

Considerando São Paulo, que é onde eu moro. a coisa fica mais ou menos assim:



O salário mínimo é de R$ 690,00

O valor da Cesta básica oficial é de R$ 299,39

Se você usa apenas 2 conduções por dia, coisa rara em cidades grandes, você gasta por mês R$ 120,00
A conta é simples: subtraindo do salário mínimo o que você oficialmente precisa comer, mais a condução hipoteticamente única diária que você utiliza, te sobram R$ 270,61.

Que eu saiba, ainda ficam faltando aí suas necessidades de vestuário, medicamentos e um troço chamado lazer.

Oras! Eu sei que em São Paulo você tem certa facilidade em ter lazer e remédios de graça, mas prá chegar até eles, em geral, vai ter que dispor mais algum dinheiro de condução  por exemplo, ou dispor de tempo (não dizem que tempo custa caro?).

Alem disso, a constituição diz que o salário mínimo deve suprir as necessidades de moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte...),ou seja, faltou a higiene também. 

As cestas entregues pelas empresas, contem mais ou menos o seguinte: 5 k de arroz, 2 k de feijão, 2 litros de óleo (de soja claro), 2 pacotes de macarrão, farinha de trigo, 250 g de café, 1 tempero, 1 pacote de biscoito, 35 g de reffresco, 1 lata de sardinha, 1 k de sal, 1 molho de tomate  e 1 gelatina.


Tente não sentir fome dispondo apenas desses itens aí. Mesmo porque pra fazer bom uso deles você precisa de mais umas coisinhas: o gás (46,00 o botijão), água e algumas vezes luz. E essas eu nem sei qual o valor mínimo, sei que não é pouco. 

Nem vou perder tempo aqui discutindo a adequação nutricional desse cardápio possível.

Aí alguns vão dizer que estou sendo catastrófica. É, estou, a maioria não está assim tão perdida. Rola um churrasquinho na laje de vez em quando, com aqueles refrigerantes alternativos e a cervejinha que a tantos agrada.



E tem também as Casas Bahia da vida, tão criticadas por muitos, mas que permitem ajeitar o cafofo.
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Talvez devêssemos consagrá-llas como nossas gestoras já que ao menos consideram que o pobre tão cantado pelos políticos, quer mais que uma ração mínima, quer um televisor, um computador, um armário e uma mesa legais....

Esses comerciantes bem sucedidos, tem uma vida bem melhor. Eles freqüentam os mesmos balneários , escolas e restaurantes que os nossos políticos. Aqueles políticos que definem o aumento do salário mínimo e os itenns da cesta básica e que pelo jeito esquecem a pipoca e o picolé que seu filho vai querer no passeio ao parque público...



Ah! Faltou falar dos salários DELES, mas isso, vá ver no portal de transparência dos governos estadual e municipal sem esquecer que lá não connstam os benefícios proporcionados pelo status que os cargos proporcionam.



Se depois disso você ainda achar que deve escolher seus representantes sem anntes pensar e pensar muito, sinto muito mas o seu negócio são mesmo as bolsas e afins....